Este Blog destina-se à divulgação de trabalhos, notícias e outros textos relativos à toponímia das artérias de diversas localidades, nomeadamente de Loulé e da restante região do Algarve. Pretende-se assim, através da toponímia, percorrer a memória das ruas, largos, avenidas, ingressando na história e património das urbes.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Av. 5 de Outubro – Faro

A actual Avenida 5 de Outubro, em Faro, foi edificada no final do século XIX, constituindo um importante eixo de desenvolvimento da cidade, em direcção à Capela de Santo António do Alto.

Até à actualidade já ostentou, pelo menos, três denominações diferentes, nomeadamente, Av. Mouzinho de Albuquerque, Av. Hintze Ribeiro e Av. 5 de Outubro.

Quando Mouzinho de Albuquerque (1855 – 1902), um importante militar português, derrotou as tropas do líder moçambicano Gungunhana, em Chaimite, a 28 de Dezembro de 1895, a Câmara Municipal de Faro emitiu um voto de louvor pelo feito alcançado, na sua reunião de 7 de Janeiro de 1896: “Constituída a Câmara e tendo o Snr. Presidente [João José da Silva Ferreira Netto] dito que em breve devia chegar a Faro uma parte da expedição d’África que tão gloriosamente havia conseguido derrotar o poderoso régulo Gungunhana e que esta Câmara devia aguardar a passagem dos expedicionários para demonstrar pelos meios que julgasse convenientes a sua gratidão por tão heróicos feitos d’armas, assim deliberou a Câmara; mais deliberou que se consignasse n’esta acta um voto de louvor aos referidos africanistas e que se telegraphasse ao Governo de Sua Majestade congratulando-se com elle e com o pays pelo feliz resultado das nossas armas e pedir-lhe o regresso aos dois regimentos do Algarve dos expedicionários que chegam brevemente a Lisboa.” Quase três meses depois foi feita nova referência ao acontecimento histórico, na sessão de Câmara de 26 de Março de 1896, prestando-se homenagem a Mouzinho de Albuquerque, o líder militar que o protagonizou, tendo sido atribuído o seu nome à nova avenida que se encontrava em construção: “Em seguida o Snr. Presidente tomando a palavra disse que sendo a expedição d’África composta por um terço de soldados do Algarve, não se recusando nunca esta província na guerra ou na paz, a contribuir para quanto possa enaltecer a nossa querida pátria, em presença de um acto d’heroísmo de tal magnitude como o que prestou o ilustre Capitão hoje major Mousinho d’Albuquerque que prendendo em Chaimite o poderoso régulo Gungunhana em presença de mais de 3.000 vátuas, devendo um acto de tal bravura constar no maior número possível documentos escriptos d’esta epocha, marcada na história pátria por um feito tão brilhante que offusca quantos actos de bravura se teem praticado (…), não podia a nobre cidade de Faro, que nos honramos de representar, ficar silenciosa nem deixar d’inscrever por qualquer forma perdurável o nome a quem está indelevelmente ligada esta pagina d’ouro da história de Portugal, por isso propunha elle Snr. Presidente que se desse o nome de Mousinho d’Albuquerque à nova avenida de quarenta metros que começando na Rua de Santo António se dirige à Capella do mesmo nome a ½ kilometro d’esta cidade. O que sendo posto à votação foi approvado por aclamação unânime de todos os Snrs. Vereadores presentes.”

No final do século XIX ou início do século XX o nome do militar africanista foi eliminado da toponímia farense, sendo substituído pelo do político Hintze Ribeiro (1849 – 1907), que liderou o governo de 1893 a 1897, de 1900 a 1904 e em 1906.

Com a implantação da república, nova alteração na denominação da avenida farense, passando, por proposta do vogal António Martins Paula, no dia 20 de Outubro de 1910, a designar-se por Avenida 5 de Outubro, rememorando a data da revolução republicana.

2 comentários:

  1. Ola

    Achei interessante o blog sobre toponimias.Gostaria de saber que bibliografia recorreste em relação aos arruamentos de faro.

    Obrigada

    ResponderEliminar
  2. Olá
    Para elaborar os artigos sobre toponímia recorro principalmente às actas de vereação das Câmaras Municipais, como por exemplo as de Faro, que se encontram no Arquivo Distrital, dado que são estas entidades que têm competência para aprovar as denominações das artérias.

    ResponderEliminar